Olá
gente,
Caramba,
a vida tá corrida. Tá difícil arrumar tempo pra “blogar”.
Enfim, embora com atraso, vamos ao post.
Estávamos
falando sobre a metodologia Waldorf de ensino, e, pra encerrar esse
assunto, fiquei “devendo” as minha impressões sobre os
resultados que temos observado com a Helena até agora nesta
metodologia. Bom gente, só tenho uma palavra para descrevê-los.
Excelentes. Realmente, a Rê e eu estamos muito
satisfeitos com a escola, e todas as dúvidas que tínhamos hoje
estão superadas.
O
desenvolvimento da Helena é muito bom, e vemos claramente o papel da
escola nisso. Sem corujice nenhuma, Helena hoje é uma criança
segura, calma, criativa, articulada, independente (às vezes até
demais) e, principalmente, muito feliz. O mundo de fantasia
dela é extremamente desenvolvido, ela é capaz de ficar horas
brincando apenas utilizando a imaginação. Uma tira de pano vira o
cabelo da Rapunzel num piscar de olhos, e lá vai ela jogar suas
tranças pela janela da “torre”, à espera do príncipe
encantado. Passa o dia a cantar canções, contar histórias pra suas
bonecas, dançar ou fazer teatro. Prefere frutas a doces ou massas
(juro,ela pede pra comer frutinha!!). Adora ajudar nas tarefas
de casa, sempre que lhe é possível. Gosta de desenhos animados,
obviamente, como qualquer criança, mas consegue se distrair e
“sobreviver” sem eles (kkkk). Não é violenta, e tampouco
agressiva, seu temperamento é dócil. Mesmo com as irmãs, consegue
controlar seus ciúmes (porque isso todo filho mais velho tem), e
sabe dividir e brincar com elas.
Outra
coisa. Lembram que falei que me preocupava com a falta de formalismo
de conteúdos e com os efeitos disso? Bom, hoje percebo que os
conhecimentos que são passados formalmente em outras escolas, Helena
também os detém, embora não de forma “padronizada”. Explico.
Ela sabe sim, contar até 10, sabe identificar as cores, tem noção
de quantidades, de adição e subtração (embora não saiba somar e
subtrair formalmente, entende que se de 3 tiramos 1 sobram 2). Ou
seja, os conhecimentos estão lá, só que, em vez de aprendê-los
decorando, ela os adquiriu ludicamente. Aprendeu a contar em
cantigas, aprendeu as cores pintando e desenhando, aprendeu as formas
esculpindo e montando blocos, criando, enfim, e relacionando
conhecimentos anteriormente adquiridos. E esse é um tipo de
conhecimento muito mais solidificado do que algo que foi simplesmente
“decorado”.
Em
relação à leitura e escrita, observo que, embora, ainda não saiba
ler e escrever, Helena tem verdadeira paixão por livros e estórias.
Toda noite antes de dormir eu ouço, “Papai, conta uma estória pra
mim?”. E ela gosta mesmo é da estória, e não das figuras.
Estamos lendo Monteiro Lobato pra ela (que tem 3 anos e meio,
lembrem), e ela não só é capaz de compreender o texto (que é
difícil até pra crianças de 7 a 10 anos), como também de recontar
a estória (à sua própria maneira, claro). Ou seja, as bases para
um adolescente/adulto leitor estão estabelecidas. Agora é só
questão de aprender o código. E até isso fica mais fácil, uma vez
que, quando chegar a hora, aprender a ler e escrever irá tratar-se
de algo avidamente desejado, uma vez que representará o passaporte
para a independência em relação às estórias, e, portanto,
constituir-se-á em tarefa na qual será empregado todo o empenho e
vontade.
Mas nem
tudo é perfeito, obviamente. Sabem qual o defeito? Dá um trabalho
danado pros pais (KKK). Explico:
Primeiro,
que hoje tenho uma criança que, embora educada e calma, é
extremamente questionadora. A nanica não aceita as coisas
passivamente, e precisamos de uma boa dose de argumentação quando
lidamos com ela (e isso irrita, às vezes, confesso). Entendam, não
quer dizer que ela seja desobediente, pelo contrário, é até bem
obediente. Mas é questionadora, ah, isso é? “Porque devo fazer do
seu jeito e não do meu?”. “Papai, mas eu quero vestir a camisa
rosa, e não essa!”. Se damos uma ordem, ela obedece, mas ainda
assim, nem sempre sem questionar os motivos. O que, vamos falar a
verdade, é sensacional também. Sim, porque eu, como pai, quero, no
futuro, uma filha com capacidade crítica e de raciocínio, e não
alguém que simplesmente “vá na onda”. Alguém que tome suas
decisões de maneira consciente e baseada em seus próprios
princípios, e não simplesmente por que todo mundo faz assim. Alguém
que, por exemplo, faça sexo (ou não faça, “pelamordedeus”, não
faça, kkkk) com o namorado (ou namorada, isso ela é quem vai
decidir, kkkk) porque quer e se sente pronta pra isso, e não
simplesmente porque todas as amigas estão fazendo. Alguém que tenha
capacidade de olhar o mundo e raciocinar sobre ele, e que saiba o que
é melhor pra si, não porque alguém disse na TV, mas sim porque
pensou, questionou, se informou e decidiu o que achou melhor,
independente de pressões sociais. Alguém que entenda que as
escolhas que fizer têm consequências, e que tenha segurança e
autoconfiança para bancar essas escolhas, mesmo que sejam as
decisões erradas do meu ponto de vista ou do de terceiros. E acho
que, neste contexto, a escola que escolhemos é perfeita, pois desde
já podemos perceber a sementinha do adulto confiante, seguro,
crítico e autocrítico na criança que é a Helena.
Outra
coisa é que a metodologia é boa, mas não faz milagre. Pra
funcionar direito, a escola e os pais tem que trabalhar em parceria.
De nada vai adiantar você matricular seu filho em uma escola Waldorf
se você não estiver preparado pra isso. A “tia” Wal,
professora da Helena em Cuiabá, falava muito bem disso, e dizia
sempre quando conversávamos que “as crianças se adaptam bem
sempre, quem não se adapta mesmo são os pais”. Isso porque a
metodologia pressupõe um alto nível de participação e
comprometimento dos pais também, e temos que estar preparados pra
abrir mão de algumas coisas que talvez consideremos importantes,
como a nosso “sossego” e nossa necessidade consumista. Assim, não
adianta reclamar, que a escola NÃO VAI permitir que seu filho vá
pra lá com a mochila do “Ben Dez” ou da “Pucca”, não
importa se foi a “avó do bispo” quem deu (kkkk). E caberá a
você explicar à avó do bispo (que, convenhamos, nem sempre irá
entender isso bem) porque a netinha não está usando a mochila que
ela presenteou. Além disso, será preciso manter uma alimentação
saudável para a criança em casa, e isso implica em os pais passarem
a ter uma dieta mais natural também (pra mim isso é muito difícil,
adoro uma “porcaria”, se for chocolate, então, putz!!! Hoje, o
que faço, e´comer porcarias na rua, não as tenho mais em casa o
tempo todo). Além disso, o contato com a natureza pressupõe que
você “levante a bunda do sofá” no fim de semana e vá passar
algum tempo no parque, zoológico, sítio, fazenda ou outras
extensões de mato equivalentes, não importa se você está com sono
ou se lá tem insetos e não tem ar condicionado (hehe). Ah, é, e
você tem que estar disposto a abrir mão da televisão também, ou
ao menos limitar o tempo gasto com ela, principalmente em relação
às crianças. E isso implica em que, ao invés de ver TV, elas terão
que fazer outras atividades em casa, e, fatalmente, você terá que
estar disponível para as brincadeiras lúdicas com elas. Vai sim ter
que “perder” (ou será ganhar?) um tempo desenhando, lendo livros
e brincando de teatro (“papai, você é o príncipe, tá, vem subir
na minha trança”).
Pra
concluir, a mensagem que queria deixar é: A escola do seu filho tem
que seguir a linha educacional em que você acredita. Não adianta,
escola boa é aquela que o pai acha boa. Mas se você estiver
preparado pra experimentar, e entendendo que isso implicará talvez
em rever alguns conceitos (como eu mesmo tive que fazer), a
metodologia Waldorf é mesmo sensacional, e traz excelentes
resultados. Informe-se.
Enfim,
era isso.
Abraços
Marlon
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